Altas Habilidades e Superdotação

Superdotação não é luxo! Não é só inteligência, o que é ?

Por Cilene Cardoso, mãe, engenheira e voluntária no grupo de acolhimento e trocas de experiências @grupocrescerfeliz

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Desde 2021, vendo, lendo, estudando sobre a superdotação, visando ajudar a  divulgar este tema passei a fazer buscas por relatos, para trazer uma visão da família, onde um relato pode servir como referência para outra família.

Como muitos pais de crianças superdotadas, me vi pesquisando, buscando aprender constantemente, ou seja, para compreender as demandas de casa, visando educá-los da melhor maneira possível ou até mesmo para me autoconhecer, tudo é um processo. Afinal, a primeira infância é repleta de desafios emocionais, exigindo nossa atenção e dedicação.

Ações primordiais

Duas ações primordiais sempre menciono: É preciso paciência e muito amor. É fundamental ter paciência, pois as crianças crescerão, percebo que a primeira infância é primordial para aprendermos  a nomear os sentimentos, algo tão bem ilustrado no filme “Divertidamente”, que destacou a importância de reconhecer e entender nossas emoções, assistir este filme foi um divisor de águas aqui em casa. Além disso, devemos oferecer amor, atenção e estar verdadeiramente presentes para nossos filhos. É incrível como eles vibram, ficam felizes quando se sentem ouvidos e valorizados em suas descobertas.

O mais gratificante é ver que, quando crescem em um ambiente onde são respeitados e compreendidos, a amizade continua na adolescência, pois o vínculo de confiança foi estabelecido. Assim, juntos, podemos aprender a respeitar as diferenças de cada um, afinal, somos todos únicos, e isso é maravilhoso.

Recentemente, me questionei: como não percebi a superdotação em casa antes? Muitas vezes, associamos superdotação apenas a crianças que demonstram habilidades acadêmicas precoces, como ler cedo, jogar xadrez ou fazer cálculos avançados sem auxílio de calculadora. Porém, há muito mais além dessas características que são frequentemente retratadas na mídia.

Quando descobri a superdotação em minha família, fiquei surpresa. Passei meses relendo o laudo, afinal minha concepção sobre superdotação estava limitada ao que via na mídia. No entanto, logo percebi que as crianças superdotadas têm uma gama ampla de características, que vão além do que é comumente retratado.

Estatísticas

Refletindo sobre isso, deparei-me com estatísticas que mostram que o QI médio da população brasileira é de 83 pontos, enquanto a Mensa, uma das instituições de altas exigências intelectuais, aceita membros com QI a partir de percentil 98. Isso me levou a questionar: E as crianças que estão na faixa de 98 a 129 de pontos? São superdotadas? Possuem altas habilidades? Independentemente de rótulos ou laudos, afinal superdotação não é doença, não é transtorno, são crianças que estão acima da média e merecem ser acolhidas e respeitadas. E as crianças que nem laudo ainda conseguiram realizar?

Os números de superdotados que aparece na mídia sempre utilizam como referência os dados da Mensa, mas este número é muito maior,  existe o censo escolar, o INEP, mas também não é garantia de dados atualizados e corretos, ou seja, o número de alunos superdotados no Brasil é na verdade desconhecido.

México

Buscando referências fora do Brasil, para entender mais sobre o tema, descobri o Centro de Atenção ao Talento (CEDAT) no México, uma escola para superdotados que é referência na América Latina. Lá, as turmas são organizadas de acordo com o desenvolvimento intelectual, permitindo que os alunos avancem em seu próprio ritmo. No entanto, surge o questionamento sobre como garantir a diversidade e a socialização dessas crianças, especialmente aquelas que não atingem o critério mínimo de QI para ingressar em tais instituições.

Como as crianças que apresentam Qi acima da média da população, mas não atingiram o QI 130 são atendidas?

A cada reflexão, surgem novas perguntas. No entanto, é importante reconhecer que ainda há muito a ser compreendido sobre superdotação., a  neurociência ainda é algo muito recente.

Começou em 1970, somente na década de 1990, os estudos avançaram com os exames de imagens, e assim novas abordagens educacionais começaram a ser elaboradas e estudadas.

Porém percebemos que aqui no Brasil, os estudos vem acontecendo a mais de 50 anos, pesquisando descobri a Dra Zenita Cunha Guenther, pioneira no Brasil, autora de 23 livros, ganhadora de prêmios fora do Brasil, fundadora do CEDET (Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento).

CEDET

Hoje este modelo CEDET, existe em Lavras, Assis, Poços de Caldas, São José do Rio Preto, São José dos Campos, e nas outras cidades? Como estes centros foram criados? Um fato é unanime, estas associações existem quando os pais se reúnem e lutam pelos direitos de seus filhos.

Brasil

No Brasil, existem leis destinadas a atender às necessidades dos alunos superdotados ou com altas habilidades, termo este que ainda não é unanimemente aceito pelos especialistas. Percebemos que ainda há debates e estudos em andamento entre os especialistas, o que evidencia a existência de polêmicas nesse campo. Enquanto essas discussões avançam, é crucial acolher e desmistificar esse tema. Por isso, estamos constantemente promovendo a divulgação e reflexão sobre o assunto, visando despertar o interesse da sociedade em oferecer formação profissional adequada e incentivar uma gestão escolar que atenda às necessidades específicas dessas crianças. Dessa forma, poderão desenvolver plenamente seus potenciais, crescer de forma equilibrada e tornar-se adultos capazes de fazer a diferença na sociedade.

 

Curadoria do texto: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz
Se identificou, compartilha esta história, afinal somos todos diferentes, cada um tem o seu jeito e tudo bem.
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