Altas Habilidades e Superdotação

A descoberta da SUPERDOTAÇÃO na vida adulta

Por Cícero Moraes (@cogita3d), Bacharel em Marketing Dr.hcFATELL/FUNCAR, OrtogOnLine-Professor/desenvolvedor, membro da Mensa Brasil (top2%). Sociedade membro da Intertel com alto QI (top1%).

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A descoberta da superdotação na vida adulta será?

Esta semana, conversamos com uma professora do Paraná, ela dedica seu trabalho, em sua cidade, as crianças superdotadas, em sala de recurso. Após muitos diagnósticos errados ao longo da vida, agora na fase de seus 40 anos, ela me confidenciou que está em busca de um profissional para realizar avaliação e laudar, para assim confirmar sua superdotação.

Ao buscar relatos na vida adulta, me deparei com o relato de Cicero Moraes, disponível na rede social ResearchGate, dedicada a profissionais da ciência e pesquisadores.

Cícero, relata que quando estava com quase 40 anos, não se percebia como alguém dotado de alta inteligência,  experimentou uma crise de ansiedade em novembro de 2021, desencadeando uma busca por autoconhecimento.

Tudo começou quando pesquisando sobre a “crise dos 39 anos” e Cícero se deparou com a metanoia, uma fase de turbulência psicológica na meia-idade, leu sobre sensibilidade e hiperfoco, identificando-se com características de pessoas altamente sensíveis (PAS).

A seguir apresentamos um trecho do relato original: “Como era de praxe, busquei conhecimento e entrei de cabeça na leitura de materiais que revelassem o que estava acontecendo comigo. Um livro que me ajudou muito foi A Passagem do Meio: da Miséria do Significado da Meia-idade , de James Hollis. Graças a essa obra tomei os primeiros contatos com Carl G. Jung, e os conceitos formulados por ele sobre tal fase da vida se mostraram bastante compatíveis com o que eu sofria naquela feita. Havia alguns meses que eu era atendido pelo psicólogo Lucas Caversan, especialista em ansiedade. Vendo a minha inquietação, acompanhando a evolução dela e percebendo uma tendência clara, ele indicou-me outro livro intitulado Pessoas altamente sensíveis: Como lidar com o excesso de estímulos emocionais e usar a sensibilidade a seu favor, de Elaine N. Aron.

Assim como a obra anterior, o que li caiu como uma luva, não apenas frente às inquietações da meia-idade, mas também a minha própria sensibilidade ao longo da vida. Durante muitos anos eu imaginava que fazia parte do espectro autista ou algo parecido, pois desenvolvi comportamentos de aversão a grandes grupos de pessoas e/ou ambientes “poluídos” (déficit de inibição latente), hiperfoco, sensibilidade à luz, aversão a alguns sons (misofonia), conseguia mapear com facilidade o estado de humor de quem estava próximo, a fome me deixava muito irritado, tinha pouca tolerância a injustiça a ponto de estourar, o que me fez imaginar ter transtorno explosivo intermitente (TEI).

O meu hiperfoco era tão grande que quando eu me dedicava a uma tarefa, parecia que o mundo girava em torno daquilo e eu não relaxava até terminar o projeto proposto, com muita resiliência e motivação. Por sorte, quando a saturação batia, naturalmente a minha mente se protegia, a ponto de, se um dia eu me dedicava demais até queimar as energias, no outro eu me entregava ao ócio completo e passava horas fazendo “nada”, ou seja, assistindo filmes sem muito sentido, vídeos sobre assuntos leves, arrumando algumas coisas em casa, etc. Isso me permitia recarregar as forças para, posteriormente, continuar “teimando” até a tarefa ser executada ou o objetivo alcançado.

Ao descobrir que eu era uma PAS (pessoal altamente sensível), aprendi algo novo e muito importante: descansar de verdade, ou seja, não fazer nada para realmente recarregar as energias, evitando a saturação e logo, a ansiedade. Além disso passei a consumir muitos materiais (vídeos e textos) sobre o assunto, e entre estes, alguns citavam a questão das altas habilidades e superdotação.  

Em um primeiro momento eu ignorei tal possibilidade, pois para mim o superdotado era aquele indivíduo com memória totalmente fotográfica, que fazia cálculos complexos de cabeça, sendo praticamente um computador humano imune a erros. No entanto, quanto mais eu escavava por informações, mais evidenciava-se a compatibilidade com aquele espectro. Passei então a assistir vídeos e lives em canais especializados e para a minha total surpresa, a descrição apresentada neles coadunava-se com a minha realidade.

De modo a complementar o conhecimento extraído nos vídeos, baixei uma série de artigos sobre o tema no Google Scholar, dentre eles um inicialmente me chamou muito a atenção, a tese de doutorado da Dra. Susana Graciela Pérez Barrera Pérez intitulada Ser ou não ser, eis a questão: o processo de construção da identidade na pessoa com altas habilidades/superdotação adulta. Os conceitos expostos acerca do comportamento de indivíduos com AH/SD foi significativamente compatível com a minha própria história de vida.”

E foi assim que Cícero Moraes, descobriu a possibilidade de ser uma pessoa com altas habilidades/superdotação (PAH/SD), além de se familiarizar com os conceitos de Carl Jung e a Teoria da Desintegração Positiva de Dabrowski.

Autoconhecimento e Adaptação

Ao reconhecer suas próprias características, como memória precoce e hiperfoco, compatíveis com as AH/SD,  além de atividades autodidatas que desde a infância, Cícero já desenvolveu projetos notáveis, participou de revista científica, trabalhos de reconstrução facial forense, enfrentou situações difíceis, passou por traumas, como um assalto, e buscou superá-los através do estudo e do trabalho.

Adaptou-se ao seu ambiente, evitando estímulos excessivos e investindo em seu bem-estar mental, após muita leitura submeteu-se a avaliações profissionais que confirmaram sua condição de PAH/SD, trazendo-lhe alívio e entendimento, sentiu-se emocionalmente aliviado ao entender a si mesmo e aprender a lidar melhor com suas características, decidiu compartilhar sua jornada para ajudar outros que possam estar passando por situações semelhantes.

Ao relatar sua história e identificação tardia, seu desejo é que este relato alcance  e possa beneficiar o maior número possível de pessoas que estão lidando com inquietações semelhantes,  sabe-se que aproximadamente de 6 a 10 milhões de indivíduos possam ser superdotados apenas no Brasil, muitos deles sem a mínima ideia do motivo das suas inquietações.

A história de Cicero Moraes é um testemunho da importância do autoconhecimento, da aceitação de si mesmo, da importância de se falar sobre este tema.

Curadoria do texto: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz
Relato completo de Cicero Moraes: 
https://www.researchgate.net/publication/363856024_Como_e_por_que_descobri_que_sou_uma_Pessoa_com_Altas_HabilidadesSuperdotacao_PAHSD_na_adultez https://www.researchgate.net/publication/363856024_Como_e_por_que_descobri_que_sou_uma_Pessoa_com_Altas_HabilidadesSuperdotacao_PAHSD_na_adultez
Se identificou, compartilha esta história, afinal somos todos diferentes, cada um tem o seu jeito e tudo bem.
Saiba mais: 

Superdotação e o mito social da genialidade

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