A invisibilidade das pessoas com altas habilidades e superdotação

Altas habilidades e superdotação é necessário desconstruir o “perfeito”

Olá, sou Cilene Cardoso, esposa, mãe, engenheira civil e também assim como toda mulher realizo o trabalho do cuidado invisível.

Após um convite da Letícia, administradora desta página, estou aqui escrevendo um pouquinho da minha história, para inspirar você, saiba que a partir de agora este espaço será o seu espaço.

Se você é mãe de criança com alta habilidade/superdotada, este espaço é seu, entre em contato, envie sua história, escreva seu relato, o dia a dia de uma mãe de uma criança neuro atípica. Sabemos o quanto pode ser desafiador, saiba que escrever alivia, é uma forma de autorregular, de autoajuda.

Toda criança é especial, a busca do pertencimento faz parte também das crianças com altas habilidades/superdotadas, muitas vezes o sofrimento destas crianças é invisível aos olhos comum, por falta de conhecimento no assunto.

Errar faz parte do processo, precisamos divulgar informações que possam ajudar as pessoas a aprenderem sobre este tema.

Reconhecimento

Reconhecer uma criança neuro atípica é o primeiro passo, depois é necessário investigar mais a fundo, por meio de uma avaliação neuropsicológica, existem diversos testes especializados, porém laudar uma criança acaba sendo oneroso, dificultando a acesso para todos.

Se reconhecer, se aceitar é fundamental para o crescimento pessoal, por isso um erro ao realizar o laudo, pode afetar a vida de uma criança que sofrerá as consequências por toda vida, por isso precisamos divulgar informações verdadeiras.  Um ambiente acolhedor, com informações corretas pode mudar todo o sistema da criança e fará toda diferença ao longo de sua vida e na vida de seus familiares.

A pergunta que fica é:

Como reconhecer? Como laudar? Quais os caminhos a percorrer?

Se você se identificou com este texto, e desconfia que sua criança possa ter altas habilidades/superdotação, eu te convido a buscar um grupo de apoio, hoje eu participo voluntariamente da comunidade virtual criado no WhatsApp Grupo Crescer Feliz, acesse nossa página no Instagram @grupocrescerfeliz, lá acolhemos todos os dias novas famílias em busca de mais conhecimento sobre este tema tão importante.

O Grupo Crescer Feliz, foi criado após a jornalista Roberta Castro, receber o laudo do seu filho e ter esta ideia de compartilhar, trocar experiências com outras famílias, hoje somos mais de 1000 famílias em todo país.

Precisamos desconstruir a imagem de que uma criança superdotada é perfeita, independente e não precisa de ajuda, muitas pessoas até pensam que são os chaveirinhos ou amuleto da sorte dos pais, mas a realidade o dia a dia é bem diferente.

A convivência em família é desgastante, educar uma criança questionadora, que as vezes se comporta como um adulto e em outras momentos como uma criança pequena traz desgastes a toda família, que precisa sempre se reinventar nos combinados, nas regras, tudo muda muito rápido e não é fácil atender a tantas perguntas, pensamentos, e ideias que surgem a cada momento.

Regulação

É preciso ensinar a criança a se autorregular e isto requer muita paciência, por vezes é exaustivo. Imagina esta criança em uma sala de aula, onde os professores precisam atender a todos, não é fácil, o sistema de ensino inviabiliza, e então surge a desregulagem em sala de aula, a evasão escolar, a falta de interesse, o aluno que não consegue ficar parado em classe, pois fica chata a aula, o conteúdo precisa ser interessante e o professor precisa repetir para que os demais possam aprender, ou seja, o nosso sistema de ensino não está preparado para atender os extremos, se faz necessário uma adaptação, e para isto o professor/escola precisa estar preparado, e sabemos que a realidade é bem diferente.

Como lidar com estes alunos? Como um professor pode trabalhar sozinho esta situação? Como permitir que este aluno seja inserido ao sistema? Todos precisamos pensar juntos, buscar ferramentas fora da sala de aula, salas de recursos, cursos online, oficinas, ensinar o aluno que ele é o protagonista de sua história, mas para chegar neste ponto, a primeira infância precisa estar preparada para acolher estas crianças, somente assim poderemos ajudar verdadeiramente estas crianças crescerem felizes.

O que precisamos?

Precisamos de acolhimento, menos julgamento, divulgação sobre o tema, empatia, e recursos para atender este público.

Desde 2021, após ler uma matéria sobre Altas Habilidades na internet, reconheci muitas características em meu filho, nesta época meu filho um dia chegou em casa perguntando se ele era esquisito, pois um colega na escola tinha falado para ele e ele queria saber se era assim…

Como mãe, percebendo o sofrimento diário, a luta para ir à escola, sempre saindo da escola triste, infeliz, passei a pesquisar, e descobri esta reportagem que me trouxe o início desta nova jornada.

Como mãe guerreira, vesti minha roupa de Xena,  querendo ajudar meu filho passei a ler sobre este tema, busquei avaliação, busquei uma profissional especializada, passei a buscar escola que pudesse ajudar a lidar com esta nova informação.

A escola perfeita não existe, o que existe é uma escola aberta a ouvir a família, a ouvir o aluno e assim permitir que todos possam crescer juntos.

Hoje com conhecimento e o ambiente mais preparado, nossa família a cada dia conversa sobre este tema de forma mais natural, tudo mudou, hoje ao ir busca-lo na escola, eu vejo um sorriso no rosto, mas sei que esta não é a realidade de outras crianças.

Por isso estou aqui, realizando este relato para incentivar você a ajudar a divulgar este tema, precisamos falar sobre altas habilidades e superdotação, para uma mudança de consciência, quanto mais divulgarmos mais chance teremos de acolher, mais ações poderemos realizar, afinal todas as crianças são especiais.

Gostaríamos muito de saber sua opinião, porque ela é muito importante para nós!