Altas Habilidades e SuperdotaçãoCrianças Especiais

Entre desafios e o Amor: Navegando no mundo das Altas Habilidades/Superdotação

Por Daniele Magioli, mãe do Léo e da Manuzinha, uma narrativa realista, demonstrando que nem sempre tudo o que é escrito em artigos científicos ou nas redes sociais é acessível para todos.

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Como uma bigorna caindo em minha cabeça, é assim que sinto que o laudo de Superdotação/Altas Habilidades chegou à minha vida.

Foi uma pancada pesada e inesperada, afinal, em casa, eu tinha uma criança agitada, bagunceira, desobediente que sempre recebeu avaliações de mau comportamento e agitação na escola, e devido à pandemia COVID-19, teve o início de sua vida escolar pausado logo no primeiro mês.

Após este período, Leonardo foi matriculado no maternal 2. As crianças já tinham retornado antes, mas como eu engravidei durante esse tempo, resolvi aguardar a vacinação para voltarmos à vida normal.

A turma dele já sabia fazer diversas atividades, e meu filho nem o lápis sabia segurar, tinha atraso na fala e não tinha crianças para conviver. O primeiro relatório escolar já indicou acompanhamento de fonoaudiologia e o clássico comportamento agitado e perigoso em sala de aula e nas brincadeiras no pátio da escola. Segui as orientações da escola, meu padrão de vida teve que diminuir ele foi para a rede pública de ensino.

A NOVA ESCOLA

Na nova escola o comportamento se manteve e, com o passar dos meses, se intensificou.  A fonoaudióloga saiu, e a natação entrou para tentar melhorar o comportamento agitado. Os meses passaram, mas não resolveu.

Quando eu disse que já não sabia mais o que fazer, a professora me aconselhou a procurar ajuda profissional. Foi quando Altas Habilidades/Superdotação entrou na minha vida como uma possibilidade.  Na entrevista realizada antes do início das sessões já fui informada da possibilidade. Sofri, mas segui adiante na esperança que ele estivesse avançado por ele ter vindo da escola particular para a rede pública; a diretora da antiga escola também tinha esse entendimento.

AVALIAÇÃO

Durante o período de avaliação descobri que ele sabia ler, fazer cálculos de dezenas, soma, subtração e multiplicação. Estava tudo escondido na cabeça dele e a avaliação abriu esse mundo novo para nós. Após a avaliação terminar, foi confirmada a Superdotação. Me vi sem chão, sem condições financeiras e psicológicas para lidar com essa situação.  Pensei em ignorar e seguir em frente, pensei que a profissional poderia estar errada, pensei em todas as formas de como lidar com essa nova forma de viver e lidar com meu filho. Além de pensar em muitas coisas, chorei um oceano muitas vezes e por muitos dias.  Li muito sobre o assunto, rezei, chorei novamente, tive que me colocar de pé e seguir, pois meu filho precisava de mim.

SOFRIMENTO

Foi difícil assimilar que esse tempo todo ele sofria por falta de estímulos, mas eu precisava mudar essa situação e buscar o suporte que ele precisava.

Ainda não é fácil, mas aprendi que tenho que aprender a lidar com meu filho, ensinar a ele como conviver em sociedade e ensinar às pessoas como conviver com ele. Aprendi a fazer o que é possível por ele e não me culpar por não ter tudo que é necessário. Aprendi que ele sofrerá como todas as crianças do mundo, se decepcionará, ficará ansioso etc. A única diferença será que todas as emoções dele serão mais intensas. Hoje vejo que, para cada dor extremamente doída existe existirá uma felicidade imensa e sem igual e isso me acalma e conforta.

A MATERNIDADE

Ser mãe de criança com Altas Habilidades/Superdotação é viver a vida intensamente em todos os sentidos, mas acima de tudo é viver. Aprendi que preciso cuidar de mim como mulher, da minha família e das questões das Altas Habilidades. A cada momento, um lado precisará de mais atenção que o outro, mas todos precisam ter igual valor e importância.  Isso acontece em todas as famílias, a gente se junta e ajuda quem está precisando mais no momento, depois a gente se junta se diverte e parte para a próxima necessidade.

A VIDA SEGUE FLUINDO

A vida vai fluindo, as questões aparecendo se resolvendo de acordo com o que é possível no momento e a vida seguindo.  É preciso aprender a encontrar o equilíbrio dentro de nossas possibilidades e condição de vida porque nem tudo que aparece como recomendado nos artigos científicos e redes sociais é possível para todos. É preciso entender que nunca seremos o suficiente e isso é ser humano.  Aprendi que a única coisa que realmente fará a diferença nessa caminhada é o amor que dedico ao meu filho e à minha família, para que juntos possamos encontrar sempre o melhor caminho nessa jornada. Entendi que o meu melhor nas escolhas para o meu filho será o que ele precisa para se desenvolver. Quando crescer ele encontrará a própria forma de alcançar seus objetivos.

O que você achou? Gostaríamos muito de saber sua opinião, porque ela é muito importante para nós!

Por: Daniele Magioli
Curadoria: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz

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