Altas Habilidades e Superdotação

Desvendando a Superdotação: “A Jornada inspiradora de Davi”

Por Daniele, mãe de Davi de 6 anos e Giovana de 2 anos, uma narrativa reveladora sobre superdotação, desenvolvimento e busca por compreensão. Acesse @davi.correav

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Superdotação! Toda mãe quando nasce um filho, cria expectativas para o futuro dele, sonhos, mas e quando ele nasce “diferente” de seus pares?

Em agosto deste ano, recebemos o laudo de nosso filho com a identificação para Superdotação/ Altas Habilidades, mas a nossa jornada com ele começou bem antes disso.

Davi foi uma criança que passou pelos marcos de desenvolvimento comuns, inclusive começou a andar 1 ano e 2 meses. No entanto, sempre foi uma criança muito esperta e comunicativa. No seu aniversário de 1 ano, lembro-me da fotógrafa comentando que ele não parecia ter aquela idade, devido sua esperteza, bem diferente de outras crianças.

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO

Com 1 ano começou a falar, formar frases e adorava cantar muitas músicas. Aos 2 anos, porém meu mundo desmoronou, quando ele que falava tão bem, começou a gaguejar, ao ponto de não conseguir falar palavras simples, como estava acostumado, lembro que fiquei muito angustiada, ele ficava incomodado, sendo assim, buscamos ajuda de uma fonoaudióloga que depois de algumas sessões, nos explicou que a coordenação motora da fala dele, não acompanhava o pensamento que era muito acelerado e que com o tempo ele conseguiria se expressar normalmente. Ele continuou fazendo algumas sessões até que veio a pandemia e eu mesma passei a ajudá-lo em casa com as técnicas de respiração que havíamos recebido como orientação.

Sempre lemos muitos livros, em casa. Neste período ele começou a despertar muita curiosidade pelas letras e números, pedindo para assistir vídeos com alfabeto, até que ganhou um quadro mágico, onde começou a reproduzir as letras, sempre assistia um vídeo em português e inglês, começando assim a escrever e falar todo alfabeto, nas duas línguas. Depois começou a ter interesse pelos números e enquanto as crianças da mesma idade contavam até 5 e já estava contando até 100, já conhecia as cores em português e inglês (e não eram só as cores primárias),

HIPERFOCO

Davi começou a ter outros hiperfocos em Formas Geométricas, Sistema Solar, o Hino nacional, Estados e suas Capitais.

Ainda aos 3 anos, próximo de completar 4, Davi começou a ler algumas palavras e até frases, ao completar 4 anos, começou a ler sozinho livros e gibis, e já escrevia sem erros gramaticais.

Neste momento despertamos para o fato de que havia algo de diferente nele, porque éramos pais de primeira viagem e não tínhamos outras crianças por perto como parâmetro, sempre ouvimos muito que nosso filho era muito inteligente, mas nunca passou pela nossa cabeça que ele poderia ser uma criança com superdotação.

A ESCOLA

A escola nos orientou a buscar uma avaliação, porque ele já estava lendo também na sala de aula e gostava muito de ajudar os amigos que tinham qualquer dificuldade com as tarefas, já que ele era sempre o primeiro a terminar.

Nessa época ele ainda estava com 4 anos e não sabíamos nada sobre superdotação, além da imagem de gênio que tanto é apresentado pela grande mídia. Buscamos uma psicóloga, através do nosso plano de saúde, ela propôs aplicar o teste WISC, o que foi antiético, já que ele só poderia ser aplicado a partir dos 6 anos, mas só soubemos este fato tempo depois.

O PRIMEIRO LAUDO

Recebemos o laudo com pouquíssimas informações onde apenas dizia que ele tinha uma inteligência acima da média.

Voltamos com esse laudo para a escola que se mostrou pouco disposta a fazer algo por ele e entendemos que seria melhor trocarmos de escola. E assim foi feito, porque o Davi já não estava mais feliz por lá, era simplesmente entediante ir a aula.

NOVA ESCOLA

Em uma nova escola, aos 4 anos ele estava superfeliz, porque tudo era novidade pra ele, os colegas, a professora e principalmente os conteúdos das aulas, que eram bem diferentes e tinham um nível maior de dificuldade, porém no início desse ano, quando ele iniciou o Pré II, aos 5 anos, tínhamos, um laudo inconclusivo e uma criança feliz na escola, mas essa felicidade inicial começou a desaparecer…

Davi começou a não querer mais ir à escola e chorava intensamente todos os dias, ao ponto de deixa-lo faltar a aula por uma semana. Ele dizia que era tudo muito fácil e que ele precisava de algo mais desafiador.

partir daí vieram os problemas de socialização com os colegas, porque ele considerava tudo muito infantil e não tolerava certos tipos de brincadeira, devido ao seu senso de justiça que é muito aguçado, estava sempre triste e começou a se isolar, sentimos novamente a necessidade de buscar uma ajuda, porém dessa vez estudei muito sobre o tema   antes de dar qualquer passo a frente e entendi que precisava buscar uma profissional que entendesse o muito bem sobre o assunto AH/SD, foi quando encontramos  a Semocionar Psicologia, onde uma neuropsicóloga maravilhosa nos atendeu, com toda sua sensibilidade conseguiu enxergar o nosso filho e nos entregou um laudo completo, onde descrevia exatamente como ele é.

LAUDO

O laudo confirmou a Superdotação do Tipo Intelectual, hoje sabemos exatamente como é o funcionamento do nosso filho, antes achávamos que nosso filho era dramático, que não parava de falar um só minuto, que perguntava demais ou era agitado, ao ponto de não conseguir assistir televisão sentado no sofá, agora entendemos que tudo isso faz parte da sua sobre-excitabilidade e o respeitamos dentro do seu funcionamento.

Com o novo laudo em mãos, conseguimos que Davi fosse acelerado de série, agora está cursando o 1º ano do ensino fundamental.Não estamos plenamente satisfeitos com a escola, mas continuaremos lutando para que as adequações necessárias sejam feitas, visando seu bem estar, ele continua fazendo um trabalho com a mesma neuropsicóloga que nos ajudou no segundo laudo, para que ele entenda quem ele é, como ele funciona, visando aprender a lidar com suas intensidades.

Hoje entendemos que essas questões são muito mais relevantes do que um QI elevado, é necessário que as pessoas entendam que a Superdotação não tem relação apenas com Talentos e ou Habilidades, ela se estende muito além disso e se relaciona com a forma como uma pessoa pensa, sente e experimenta o mundo.

Como família, temos ciência de que ainda temos muitos desafios pela frente, principalmente a questão de socialização, a parte emocional, a falta de um sistema de ensino adequado, mas faremos tudo o que for necessário para que ele se sinta incluído e abraçado por todos nós.

Criamos um perfil no Instagram para compartilhar a sua jornada e para apresentar o outro lado da Superdotação que poucos conhecem.Davi Correa

Por: Daniele Correa
Curadoria: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz

Saiba mais: 

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A invisibilidade das pessoas com altas habilidades e superdotação

 

 

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