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Por que crianças autistas são sensíveis ao barulho dos fogos de artifício?

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A última semana do ano trouxe diversas gravações de vídeos e apelos de mães e cuidadores de crianças que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) para que os fogos de artifícios sejam parados de usados na noite da virada do ano — ou que pelo menos sejam usados fogos que não façam tanto barulho.

Tudo pois é muito comum encontrar crianças e também adultos com autismo e que sofrem crises devido ao grande barulho causado óleos fogos que são usados para festejar a chegada de um novo ano.

O problema ocorreu pois diversas pessoas com autismo apresentam uma hipersensibilidade sensorial aos estímulos do ambiente. O fator é, inclusive, um dos critérios levados em conta ao determinar o diagnóstico. Apenas um latido ou até mesmo uma buzina de caminhão, podem ser suficiente para que cause pânico em crianças que possuem o TEA.

É como se eles ouvissem todos os sons do ambiente de uma só vez sem focar a atenção em nenhum deles causando uma sobrecarga naquele sentido.

A hipersensibilidade sensorial pode ainda afetar outros sentidos. No caso do tato, a criança com TEA pode ter medo de texturas e evitar ficar descalço na grama ou até mesmo usar meias. Já quando é atingido no paladar, faz com que a pessoa apenas coma alimentos pastosos, ou apenas secos. Já quando acomete a visão, luzes muito intensas podem acabar provocando essa sobrecarga, que acaba causando um desconforto e até comportamentos agressivos nas pessoas com esse Espectro.

Conforme as informações de Marcos Escobar, que é neuropediatra, no Hospital das Clínicas da FMUSP, isso ocorre pois as pessoas com autismo possui uma dificuldade em entender o contexto das situações, impedindo que ela consiga modular seu comportamento.

“Desorganizar” é a palavra mais usada para poder descrever uma crise pois é exatamente desta maneira que ocorre: a pessoa começa a sentir-se totalmente sobrecarregada pelos estímulos que recebe, e como não consegue entender o contexto da situação, acaba tendo uma grande dificuldade para conseguir organizar a sua percepção e modular sua reação a eles.

Em relação aos fogos de artifícios durante a virada do ano, as pessoas neurotípicos (as pessoas que não se enquadram dentro do espectro autista) compreendem que eles irão ser disparados pois é uma tradição social para festejar a entrada de um novo ano.

Terapias auxiliam, mas não resolvem

Conforme as informações dadas por Escobar, quadros mais leves do autismo acabam tendo uma cognição social um pouco mais desenvolvimento, permitindo que esses indivíduos tenham uma adoção melhor em relação à hipersensibilidade. Quando o grau do TEA é mais grave, no entanto a contextualização das situações é muito mais difícil.

Uma das maneiras de amenizar esse problema é trabalhar com terapeutas ocupacionais para que a pessoa seja dessensibilizado dos estímulos que a deixam totalmente desorganizada. Os pais também podem auxiliar na contextualização, explicando que aquele som já é esperado e que acabará ao passar poucos minutos.

Moss também lembra que, durante uma crise, é essencial que os pais ou os cuidadores façam um trabalho de contenção da criança para ser evitado que ela acabe se machucando ou machucando outras pessoas que se encontram próximas a ela. Vale também criar um ambiente controlado, com mais silêncio e menos pessoas, em que a criança possa se sentir segura, para poder passar por esses minutos no quais os fogos são soltados.

É necessário que as pessoas se coloquem no lugar das pessoas com TEA para poder compreender o quão difícil é passar por esse momento.

Apresentador Marcos Mion publica vídeo conscientizando as pessoas

Ao lado dos filhos, o apresentador mostrou de forma simples como os fogos atrapalham as mais diversas camadas da sociedade. Assista;

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