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Mãe desabafa: “Meu filho foi agredido porque tem Down”

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Mãe desabafa: “Meu filho foi agredido porque tem Down”

Uma mãe fez um relato emocionante na Revista Veja, semanas atrás. A dona de casa paulistana Liegi Bittencourt Feola relata os casos de bullying sofridos pelo filho de 14 anos na escola.

Ela, como muitas mães com filhos com deficiência nas escolas se preocupam muito como seus filhos serão tratados pelos colegas se são vítimas de bulyng.

Mas infelizmente, o que aconteceu com Nelson deixou o coração dessa mãe em pedaços.

Ela conta a publicação que estava em casa quando recebeu um vídeo apavorante. No vídeo, aparecia seu filho, com síndrome de Down,  Nelson, de 14 anos e alguns meninos mais velho da escola.

O vídeo

O vídeo foi enviado pela mãe de uma colega do filho por WhatsApp.

O vídeo foi gravado na hora do recreio. Nele era possível ver Nelson com um amigo, quando chegou um grupo de garotos do 8º ano. Garotos com dois anos a mais que ele.

Ao se aproximarem, eles começaram a xingá-lo. Nelson ficou nervoso e agarrou a mochila de um deles. Foi então que outros meninos apareceram. Um deles o agarrou por trás enquanto outros dois tomaram de volta a mochila, à força. Jogaram o Nelson no chão.

No vídeo dá para escutar os gritos de outros alunos pedindo para soltarem o menino, mas nada foi feito.

Nelson ficou muito nervoso e tentou correr atrás de um dos meninos. E o vídeo termina nessa cena.

O menino

Meu filho tem síndrome de Down. Fiquei em choque. Nesse dia, ele tinha chegado em casa normalmente, sem mencionar nada. Foram quase dois minutos de agressão ao meu menino. Mas sei que houve muito mais.

A sensação que me dá é de tristeza e fúria ao mesmo tempo. O Nelson é um menino muito simpático, carinhoso e ama fazer amigos. É muito calmo. Não há motivo para serem agressivos com ele. O Nelson tem uma irmã mais velha que sempre foi muito agitada, e isso o fez ser mais ativo também. Ele joga videogame, tira selfie, canta, assiste a vídeos no YouTube, ajuda nas tarefas de casa. Interage bem com todos. Eu mesma muitas vezes chego até a esquecer que ele tem Down. Os adolescentes que fizeram isso agiram com preconceito. O Nelson foi agredido apenas porque tem Down“, conta a mãe.

Após ter acesso ao vídeo,  a mãe tomou ciência de outros relatos de bullying praticado contra o filho. Meninos que estudam na mesma sala já bateram na cabeça de Nelson. Uma amiga da escola  contou que esses garotos costumam jogar as coisas dele no chão e o mandam calar a boca.

As providências 

É claro que ninguém pode sofrer bullying, mas quando isso ocorre com uma pessoa especial é ainda mais terrível. Ela conta que escolheu uma escola regular, pública, porque haviam prometido um acompanhamento de perto. De fato, ao longo dos quatro primeiros anos em que ele estudou lá, as coisas andaram bem. Os problemas só começaram recentemente. As crianças mais novas não têm preconceito nem são agressivas. Depois fica tudo mais difícil.

A mãe procurou a escola no mesmo dia em que viu o vídeo. A diretoria alegou não saber do ocorrido e se prontificou a tomar as medidas cabíveis, como conversar com os pais dos meninos envolvidos.

Contudo, o caso foi levado à delegacia, e lá  disseram que os provocadores serão chamados à Vara da Infância e Juventude.  A mãe fez tudo que podia  fazer. O garoto chegou a ir à escola nos dias seguintes, ela não quer mais que ele retorne.

A mãe transferiu Nelson de escola. No novo colégio, privado, foi dito que o garoto  terá apoio psicológico.

Segundo a mãe, ela acredita que seu filho ainda não entenda bem o que aconteceu e o que está acontecendo.

Tristeza

Ela conta que ele está muito triste depois que viu as imagens no celular dela.

O Nelson precisa do contato com outras crianças. É ciente de suas dificuldades pedagógicas, fica frustrado por não conseguir ir além e comemora cada pequena tarefa realizada. Tenho medo de que no futuro ele passe novamente por tudo isso. Seja onde for. Não estou esperando que me procurem para pedir desculpas. Quero somente que os pais desses meninos mostrem o erro que os filhos cometeram e ensinem a eles o respeito, para que outras crianças, especiais ou não, não passem mais por isso. Que esta minha história seja assunto de muita discussão sobre bullying nas escolas e nas casas. Sei que o mundo é cruel e há grandes possibilidades de que ele enfrente preconceito mais adiante. A sociedade ainda não está preparada para inclusões“. finaliza Liegi.

Por fim, deixe-nos saber o que achou, porque sua opinião é muito importante para nós.

Fonte:https://veja.abril.com.br

Foto: Reprodução: Jone Roriz/VEJA

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