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Como lidar com as pessoas com deficiência

Como lidar com as pessoas com deficiência

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Primeiramente, apresentamos a seguir algumas orientações que as pessoas podem seguir nos seus contatos com as pessoas com deficiência ou suas famílias. Não são regras, mas esclarecimentos resultantes de pesquisa realizada no último ano, com base nas nossas impressões e no material “Como lidar com pessoas com Deficiência” elaborado pela Câmara dos Deputados.

Como chamar

  • Prefira usar o termo hoje mundialmente aceito: “pessoa com deficiência (física, auditiva, visual ou intelectual) ou sua abreviação PCD, em vez de “portador de deficiência” ou “portador de necessidades especiais (Portador implica em algo que se “leva, carrega, segura, porta), “pessoa com necessidades especiais”.
  • Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados;
  • Jamais utilizar termos pejorativos ou depreciativos como “deficiente”, “aleijado”, “inválido”, “mongol”, “excepcional”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso”, “coitadinho”,  “epilético”, etc.
  • Não utilize uma deficiência como forma de menosprezar outra pessoa, como por exemplo: “Esta tremendo tanto que parece um epilético”, “Seu mongol”, “Seu autista, vive em que mundo”.
  • Não use o termo necessidades especiais, pois um bebê tem  necessidades especiais e não necessariamente tem uma deficiência, utilize necessidades específicas.
  • Alguns termos vêm sendo mudados por pesquisadores, como por exemplo utilizar a expressão atípico para qualquer deficiência neurológica, inclusive o autismo. E para pessoas sem deficiência a expressão neurotípico. Evite o termo “normal”, a normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado. Você pode usar também apenas o termo  adolescente (criança, adulto) sem deficiência.
  • Já em relação a síndrome de Down, nuca fale apenas: Ele é Down?. Principalmente, porque a nomenclatura está sendo mudada para T21 (Trissomia do 21).  Por que? Porque “Down” está sendo considerado pejorativo, mesmo que não tenha relação com a palavra inglesa as pessoas alegam que, infelizmente, leva a um nome que “menospreza“ o grupo (o que não deixa de ser verdade). Como a síndrome de Down é uma trissomia do cromossomo 21, levando ao indivíduo a ter 47 cromossomos nucleares ao invés de 46, incluindo seus subtipos (livre, translocação e mosaicismo), a campanha é que a síndrome de Down seja conhecida mundialmente como Trissomia 21 ou em sua abreviatura T21.
  • Há pessoas que consideram o termo “especiais”, como desatualizado ou até capacitista, ou não concordam com ele. Nós não achamos, e está tudo bem. Fica ao seu critério usá-lo ou não.

De certo, em hipótese nenhuma se dirija a uma pessoa ou para alguém de sua família que a está acompanhando com as seguintes expressões: “Coitadinho”, “Qual o problema dele?”, “Judiação”, É doentinho?, Qual o defeito?, “É aleijado?”, “Tão lindo, pena que é deficiente”, “Ele é normal?”, “Nem tem cara de autista”. Essas frases são capacitistas e provavelmente, a maioria das pessoas com deficiência ou suas famílias não irão gostar.

Capacitismo

Capacitismo é a discriminação ou violências praticadas contra as pessoas com deficiência. É a atitude preconceituosa que hierarquiza as pessoas em função da adequação de seus corpos a um ideal de beleza e capacidade funcional. Com base no capacitismo, discriminam-se pessoas com deficiência. Trata-se de uma categoria que define a forma como pessoas com deficiência são tratadas como incapazes (incapazes de trabalhar, de frequentar uma escola de ensino regular, de cursar uma universidade, de amar, de sentir desejo, de ter relações sexuais etc.), aproximando as demandas dos movimentos de pessoas com deficiência a outras discriminações sociais como o sexismo, o racismo e a homofobia.

Todavia, o que se chama de concepção capacitista está intimamente ligada à corponormatividade que considera determinados corpos como inferiores, incompletos ou passíveis de reparação/reabilitação quando situados em relação aos padrões corporais/funcionais hegemônicos. Atitudes capacitistas contra pessoas com deficiência refletem a falta de conscientização sobre a importância da inclusão e da acessibilidade para as pessoas com deficiência.

Pessoas com deficiência física

  • É importante perceber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns minutos com uma pessoa que usa cadeira de rodas, se for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível.
  • A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Apoiar-se na cadeira de rodas é tão desagradável como fazê-lo numa cadeira comum onde uma pessoa está sentada.
  • Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para não bater naqueles que caminham à frente. Se parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente para que a pessoa também possa participar da conversa.
  • Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência.
  • Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve proceder. As pessoas têm suas técnicas individuais para subir escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até atrapalhar. Outras vezes, o auxílio é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se a ajuda for recusada.
  • Se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça-se imediatamente para auxiliá-la. Mas nunca aja sem antes perguntar se e como deve ajudá-la.
  • Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com deficiência física.
  • Não se acanhe em usar termos como “andar” e “correr”. As pessoas com deficiência física empregam naturalmente essas mesmas palavras.

Pessoas com deficiência visual

  • É bom saber que nem sempre as pessoas com deficiência visual precisam de ajuda. Se encontrar alguém que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que você está falando com ela e ofereça seu auxílio.
  • Nunca ajude sem perguntar como fazê-lo. Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Num corredor estreito, por onde só é possível passar uma pessoa, coloque o seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar seguindo você.
  • É sempre bom avisar, antecipadamente, sobre a existência de degraus, pisos escorregadios, buracos e outros obstáculos durante o trajeto.
  • Ao explicar direções, seja o mais claro e específico possível; de preferência, indique as distâncias em metros (“uns vinte metros à nossa frente”, por exemplo). Quando for afastar-se, avise sempre.
  • Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com pessoas cegas. A menos que ela tenha, também, uma deficiência auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal.
  • Não se deve brincar com um cão-guia, pois ele tem a responsabilidade de guiar o dono que não enxerga e não deve ser distraído dessa função.
  • As pessoas cegas ou com visão subnormal são como você, só que não enxergam. Trate-as com o mesmo respeito e consideração dispensados às demais pessoas. No convívio social ou profissional, não as exclua das atividades normais. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
  • Fique à vontade para usar palavras como “veja” e “olhe”, pois as pessoas com deficiência visual as empregam com naturalidade.

Pessoas com paralisia cerebral

  • A paralisia cerebral é fruto da lesão cerebral, ocasionada antes, durante ou após o nascimento, causando desordem sobre os controles dos músculos do corpo. A pessoa com paralisia cerebral não é uma criança, nem é portador de doença grave ou contagiosa.
  • Trate a pessoa com paralisia cerebral com a mesma consideração e respeito que você usa com as demais pessoas.
  • Quando encontrar uma pessoa com paralisia cerebral, lembre-se que ela tem necessidades específicas, por causa de suas diferenças individuais, e pode ter dificuldades para andar, fazer movimentos involuntários com pernas e braços e apresentar expressões estranhas no rosto.
  • Não se intimide, trate-a com naturalidade e respeite o seu ritmo, porque em geral essas pessoas são mais lentas. Tenha paciência ao ouvi-la, pois a maioria tem dificuldade na fala. Há pessoas que confundem esta dificuldade e o ritmo lento com deficiência intelectual.

Pessoas com deficiência auditiva

  • Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar. Algumas fazem a leitura labial, outras não.
  • Ao falar com uma pessoa surda, acene para ela ou toque levemente em seu braço, para que ela volte sua atenção para você. Posicione-se de frente para ela, deixando a boca visível de forma a possibilitar a leitura labial. Evite fazer gestos bruscos ou segurar objetos em frente à boca. Fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas sem exagero. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar.
  • Ao falar com uma pessoa surda, procure não ficar contra a luz, e sim num lugar iluminado.
  • Seja expressivo, pois as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, e as expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo são excelentes indicações do que você quer dizer.
  • Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual. Se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
  • Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se tiver dificuldade para compreender o que ela está dizendo, não se acanhe em pedir para que repita. Geralmente, elas não se incomodam em repetir quantas vezes for preciso para que sejam entendidas. Se for necessário, comunique-se por meio de bilhetes. O importante é se comunicar.
  • Outrossim, mesmo que pessoa surda esteja acompanhada de um intérprete, dirija-se a ela, e não ao intérprete.
  • Algumas pessoas surdas preferem a comunicação escrita, outras usam língua de sinais e outras ainda preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem paciência e concentração. Você pode tentar se comunicar usando perguntas cujas respostas sejam sim ou não. Se possível, ajude a pessoa surda a encontrar a palavra certa, de forma que ela não precise de tanto esforço para transmitir sua mensagem. Sobretudo, não fique ansioso, pois isso pode atrapalhar sua conversa.

Pessoas com deficiência intelectual

  • Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual.
  • Se dirija diretamente a ela, não para a pessoa que a acompanha, caso haja.
  • Trate-a com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança. Se for adolescente, trate-a como adolescente, e se for uma pessoa adulta, trate-a como tal.
  • Não a ignore. Cumprimente e despeça-se dela normalmente, como faria com qualquer pessoa.
  • Dê-lhe atenção, converse e verá como pode ser divertido. Seja natural, diga palavras amistosas.
  • Não superproteja a pessoa com deficiência intelectual. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário.
  • Não subestime sua inteligência. No entanto, as pessoas com deficiência intelectual levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.

Entretanto, caso alguém queira se aprofundar sobre o tema, há um material muito bom elaborado pela ANDI  – Agência de Notícias dos Direitos da Infância.

Ademais, há também um livro chamado Terminologia sobre deficiência na era da inclusão, escrito por Romeu Kazumi Sassaki, que explica o porquê de cada termo e suas atualizações.

Contudo, não há segredo, trate a pessoa com deficiência com respeito e empatia. Com isso, o mundo será um lugar melhor para se viver.

Enfim, deixe-nos saber o que achou, porque sua opinião é muito importante para nós.

Texto elaborado por Leticia Lefevre para o Portal Crianças Especiais

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